O que sou eu? Metendo o focinho aqui, movendo as folhas
a seguir uma leve mancha no ar até à beira do rio
Entro na água. Quem sou eu para partir
o fio cristalino da água a olhar para cima vejo o leito
do rio sobre mim de cima para baixo muito claramente
O que é que faço pairando no ar? Porquê será que acho
esta rã tão interessante enquanto inspecciono o seu mais secreto
interior e o faço meu? Será que estas ervas daninhas
me conhecem e nomeiam umas às outras ter-me-ão
visto com antecedência será que tenho lugar no seu mundo? Pareço
separado do chão e sem raízes mas deixado cair
casualmente do nada não tenho fios
que me atem a nada posso ir a qualquer parte
Parece que me foi dada a liberdade
deste lugar o que serei portanto? E colectar
cascas de árvores desta estampa podre produz-me
prazer nenhum e é inútil então porque é que o faço
meu e fazendo-o já coincidi de forma tão estranha
Mas como devo ser chamado sou o primeiro
tenho um dono que forma tenho que
forma tenho por acaso sou grande se for
até ao fim deste caminho passasse essas árvores e passasse essas árvores
até ficar cansado isso é tocar numa parede minha
de momento se eu me sento em quietude igual que tudo
para de olhar para mim suponho que sou o centro exacto
mas está tudo isto o que é que é raízes
raízes raízes raízes e aqui está a água
outra vez muito estranha mas continuarei a olhar
(Ted Hughes)