Um dia eu serei uma caveira deitada numa almofada de erva,
a que cantam um ou dois pássaros vadios.
Reis e plebeus acabam da mesma maneira
e não duram mais do que o sonho da noite.
* * * * * * * *
Desci ao vale para apanhar orquídeas
mas o terreno estava coberto de gelo e orvalho
e passei o dia inteiro para encontrar as flores.
De súbito lembrei dum velho amigo
de que me separam milhas de rios e montanhas.
Voltarei mesmo a vê-lo?
Olho fixamente para o céu,
com as faces sulcadas por lágrimas.
(Ryôkan)