Esses rebentos de ameixeira
costumavam flutuar no nosso saké.
Agora as flores
espalhadas, ignoradas,
jazem por todo o chão.
De vez em quando
também tu
deves ter saudades
do teu velho ninho
no fundo das montanhas.
Tradução do inglês a partir do trabalho de John Stevens. Dewdrops on a Lotus Leaf - Zen Poems of Ryôkan, Shambala, 1993, USA. O título é meu.
Foto de Nijwam Swargiary em Unsplash
(Ryôkan)
Perguntas porque vivo
sozinho na floresta da montanha,
e eu sorrio e calo
até que a minha alma se silencia.
Os pessegueiros florem.
A água continua a correr.
Vivo num outro mundo
mais além do humano.
Peguei no meu bastão e devegar fiz o percurso
que leva à cabana em que vivi tantos anos.
Os muros tinham desabado e agora era abrigo de raposos e coelhos.
O poço ao pé da mata de bambu tinha secado
e densas teias de aranha cobriam a janela onde costumava ler à luz da lua.
Os degraus estavam cheios de ervas selvagens
e um grilo solitário cantava no frio amargo.
Perambulei de forma interminente,
incapaz de afastar-me enquanto o sol se punha com tristeza.
(Ryôkan)
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