Ontem fui ao cinema com os alunos (bom, realmente com a aluna, porque o resto nem apareceu) ver Madame Satã em versão original legendada. Depois de ter-lhes posto Cidade de Deus em aulas, tenho a impressão de ser o professor mais politicamente incorrecto do mundo. Mas valeu a pena. O filme é dos que mareiam. A personagem das que apaixonam. Lindo. Hoje cheguei a casa e fui ver a página oficial do filme. Alucinei.
Substituo internet por telefonemas. A preocupação pela língua pelos absolutos, e estes, por sua vez, pela política. Tudo para não enfrentar-me ao meu silêncio. Tudo para não achar-me onde estou. Falo, falo e falo, quando não escrevo, escrevo e escrevo. Esta entrada do diário é um contrassentido. Espero que o pensamento acabe por mudar meus actos, por isso insisto neles. Mas as escadas do amor têm um degrau partido: não se pode ascender sem dar um salto. E eu vou ter que dar vários, está visto. Assim que tchau! Se alguém perguntar, que saí (pela janela).
Acordo outra vez desacougado, na metade da noite. Não sei como dizer que não tenho palavras. Sei bem o que tenho que fazer. Também sei o que não tenho que fazer. Mas não sei não fazer. Mas não sei não pensar. Mas não sei não dizer. Assusta-me o vazio. Assusta-me ainda mais o meu medo ao vazio.
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