Contava-me Juan, um homem budista a que conheci há anos no dojo da mestra Bárbara Kusen, en Madrid, os efeitos das pessoas depois de fazerem zazen por primeira vez:
- A grande maioria de gente redescobre as cores. Outros voltam a dar intensidade a odores, ou percebem de novo como é bom o sabor dos morangos. Para mim, - disse-me - a surpresa foi sair à rua e ouvir como em Madrid cantam os pássaros.
Quando eu o conheci, Juan era o encarregado de tocar uma espécie de tambor (de que não lembro o nome) para indicar o final da meditação Zen e e o início da leitura dos sutras. Essa era a encomenda que lhe tinha feito, sabiamente, a mestra.
Não voltei saber nada sobre ele. Quanto a mim, aqui e agora, sem ter feito zazen ultimamente, aconteceu-me hoje qualquer coisa de parecido. Não vou dizer quê descobri: é uma surpresa. Mas fique por cá o facto de tê-lo descoberto, e que isto me faz pensar que, vá para onde for, estou no bom caminho.
Vejo-me capaz de deitar abaixo uma parede aos murros.
Poderia perfeitamente levantar um touro.
Sinto-me com vontade de matar um homem.
Mas não posso enfrentar-me à mina vida.
E isso só aumenta a minha raiva.
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