Criei um pequeno pardal que amava profundamente. Um dia morreu subitamente e, atingido pela tristeza, decidi fazer um funeral ao meu pequeno companheiro, mesmo como se fosse um ser humano. Ao princípio chamei-o de Discípulo Pardal mas, mais ou menos quando morreu, decidi mudar-lhe o nome para Buda Pardal. Finalmente, dei-lhe o título budista póstumo de 'Honorável da Floresta'. Compus este poema em sua memória.
Um corpo de dezasseis pés de púrpura e dourado
jaz entre as árvores gémeas do Nirvana.
Agora libertado da falsidade, além da vida e da morte,
porém presente em mil montanhas, dez mil árvores, centos de primaveras.
(Ikkyu Sojun)
Muitos braços, como Avalokiteshvara sacrificado a mim
e temperado com limão. Perante ele me inclino!
Este sabor a mar é simplesmente digno de deuses!
Sinto-o, Buda, mas este é mais um preceito que não posso seguir.
(Ikkyu Sojun)
Depois de superar cansaços e percorrer quilómetros
toco o sino de dharma para o ar vazio.
Só a estátua do Buda se sentou comigo
e me acompanha a respirar as dores.
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