Se abríssemos os olhos lá estariam
feitos maré.
Ondas do mar do tempo que nos leva,
sal da vida à mistura: nós os peixes
feitos de mar.
Mas pesam-nos moedas sobre os olhos
para pagar barqueiros.
Morremos nos vivos que nos seguram,
e nascemos dos mortos que nos levam.
Temos medo do mar que nos envolve
e somos nós;
movimento ondular que perpetua a vida.
No fundo,
as moedas enterram-se na areia
porque nada há a pagar.
Não há barqueiro.
Apenas mar.
Isso enterramos.
Gosto mais quando ninguém vem.
Prefiro a companhia das folhas caídas e as espirais de flores.
Simplesmente um velho monge Zen, vivendo como devia:
ameixeira murcha a que brotam cem rebentos súbitos.
(Ikkyu Sojun)
Um telhado de colmo sobre três quartos é melhor que sete grandes salas.
Nuvem Louca está aqui recluído, longe do mundo.
A noite faz-se funda e eu fico dentro, sozinho,
única luz a iluminar a longa noite de outono.
(Ikkyu Sojun)
<< 1 ... 69 70 71 ...72 ...73 74 75 ...76 ...77 78 79 ... 145 >>