Às vezes o medo ao fracasso. Às vezes
o medo ao sucesso.
Sempre
a vertigem do salto
para o outro lado de um próprio.
Às vezes um monstro que atormenta.
Às vezes um espelho que te chama estúpido.
Sempre
o medo.
Saltá-lo é
fitá-lo nos olhos
e esperar que se esboroe.
Às vezes desaparece mesmo. Às vezes
persiste em perseguir-te.
Mas sempre
mede.
O medo.
no início é tudo tenso nos nervos da madeira
depois é tudo mar contra uma rocha
alçada ao pé do umbigo
rangem as ramas quando o vento sopra
e oscila a árvore
mas despregamos pulmões
retesando a espinha
que indica o azimute do universo
e navegamos o intestino
sobre a barca das pernas
até voltarmos a porto inadvertidamente
na corrente de sangue o meu nariz procura
o lugar natural do seu alento
nervos de formigueiro a percorrer as pernas
e uma força inconsciente a me arquear os braços
que respiro pra fora inadvertidamente
tudo longe daqui onde o silêncio
se faz por baixo do umbigo
aqui
é tudo
e o vento espana a palavra
em que se inscreve o mundo circundante
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