as pernas como um arco
insuflaram tensão nos pulmões e no estômago
apesar da pedra digestiva
o vento foi fazendo-se narina e a barriga
comprimiu-se com o balanço para diante
do ponto de equilíbrio
o ar respirou-se no meu corpo
pregado ao zafu
como uma seta que caiu da lua
nuvens de mar a amarrotar a frente
precedem o naufrágio destes versos
nada há nos dedos que peça ser cantado
e nem sequer o alento marca um ritmo
que ser seguido pelo marinheiro bêbado
fazer-se ao mar é um exercício tolo
mas eis-me aqui
atirado a nadar com um colete
que traga à superfície este poema
depois do temporal
sentado após o furacão
permito-me apagar palavras mortas
ninguém se estranhe se passando tempo
chego a apagar meu shobogenzo
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