Esquecida entre outras fotos da minhas passadas férias de natal achei esta maravilha que, como se pode comprovar na própria imagem, é da autoria do meu sobrinho, Xohán Outeiro Barbosa. Não podia deixar de postá-la.
Olha no espelho a tua face e diz “é tempo de uma nova já criares fresca", se deceção não desejares roubando ao mundo o que uma mãe bendiz. Quem, de ventre virgem, é a arrogante que desdenhe a semente que tu enterras? Quem de vaidade tal cavada em terra… …
Aos quarenta invernos da tua frente, arando no teu rosto fundas linhas, nada será senão ervas daninhas a rica galhardia do presente. Se então buscarem o que foi de tanta beleza havida nos teus dias idos, resposta dares é de olhos fundidos louvor inútil… …
Dos seres belos que o desejo anela, não morre da beleza aquela rosa, e a herdeira guarda imagem memorosa se vier com o tempo a morte dela. Mas tu, ao brilho dos teus olhos dado, para essa luz a lenha que és consomes, onde há abundância produzindo fomes… …
O tempo do ano vês em mim, coitado, do amarelo das folhas que não duram nos galhos gélidos em que penduram, ruinas do coro de aves silenciado. Talvez vejas o sol daquele dia, depois de o ocaso ido no Ocidente, que a noite escura leva, e nos dormentes,… …
A chuva rugiu e foi-se. Agora é limpa a noite de outono. A água veste uma pátina dourada e leva uma estrela brilhante de jade. O rio Songhuajiang passa limpo e puro com a delicadeza de sempre. O pôr-do-sol enterra as montanhas em sombra. Um espelho… …
Este espaço no mundo é uma cantiga. Esta cantiga cresce no ritmo das raízes. Estas raízes imitam formas do coração. Nada lhes peças. Nada lhes dês. Nada ofereças. Tu que és o espaço a cantiga as raízes o coração recolhe dignamente o que te deram, e… …
Se mantiveres a cordura quando tudo à tua volta está a perder a sua e te culpabiliza por isso, se puderes confiar em ti próprio quando todos duvidam de ti mas permitires também que exista a dúvida; se puderes esperar, mas não te cansares na espera, se… …
Fecharam o caminho que atravessava a floresta setenta anos há. O tempo, a chuva, vieram desfazê-lo, e ninguém diria já que houve um caminho que atravessava a floresta sem árvores plantadas. Jaz por baixo dos rebentos, das urzes e flores delicadas. Só o… …
o teu nome enche a boca de mar e o estômago de vida a teu redor multiplicavam-se alimentos e bocas no teu corpo minguante a carne transformou-se em anos nas tuas mãos a lã floria mas o teu recordo é tão pequeno como esse espaço breve que ocupaste… …
És um recordo errante, o corpo da memória das gerações passadas feito fotografia verso e verso. A sombra que me persegue desde o momento em que juntei palavra com palavra. Talvez a nascente de que emana a sede de expressão de tantos, ou então o primeiro… …