O meu pagamento diário: brincar com as crianças do vilarejo.
Sempre tenho umas bolas de tela enfiadas nas mangas:
não sou bom para muito mais.
Antes sei desfrutar a tranquilidade da primavera!
Esta bola de tela na minha manga vale mais de mil moedas de ouro.
Sou bastante bom a jogar a bola, estás a ver.
Se alguém quiser conhecer o meu segredo, cá está:
«Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete».
(Ryôkan)
A minha ermida é a casa de um gato e um rato.
Os dois são animais peludos.
O gato é gordo e dorme a plena luz do dia.
O rato é magro e corre cá e lá durante toda a noite.
O gato tem a bênção do talento,
é capaz de agarrar com destreza seres vivos que comer.
O rato está maldito,
e só furta bocados pequenos de comida.
O rato pode danificar recipientes, é verdade,
mas os recipientes podem ser substituídos,
contrariamente aos seres vivos.
Se me perguntares qual das criaturas tem mais pecado
eu diria que o gato.
(Ryôkan)
As plantas e flores
que cultivei à volta da minha cabana
agora rendo
à vontade
do vento
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A flor convida a borboleta sem pensamento;
a borboleta visita a flor sem pensamento.
A flor abre-se, a borboleta vem;
a borboleta vem, a flor abre-se.
Não conheço os outros;
o outros não me conhecem.
Por meio do não saber seguimos o curso da natureza.
(Ryôkan)