Dividi-las,
apartá-las,
parti-las:
comer, comer comer -
não deixar que saiam da minha boca!
O tempo está bom
e tenho muitas visitas
mas pouca comida.
Tens algum umeboshi
que não queiras?
Cresceu o frio
e o pirilampo
já não brilha.
Será que uma alma cândida
me trará água doirada?
(Ryôkan)
Ao longo da sebe alguns ramos de crisântemos doirados.
Corvos de inverno pairam por cima do bosque espesso.
Mil picos fulguram brilhantes ao pôr do sol,
e este monge volta a casa com a tigela cheia.
-------
Hoje não houve sorte nas minhas saídas mendicantes.
De vila em vila, só consegui arrastar-me.
Ao pôr do sol, milhares de montanhas entre mim e a minha cabana.
O vento frio rasga o meu corpo débil,
e a minha minúscula tigela parece tão abandonada!
Mas este é o caminho que escolhi e que me guia
pela desilusão e a dor, o frio e a fome.
(Ryôkan)
Chuva na primavera,
dilúvios no verão,
e um outono seco:
será que a natureza nos sorri
e todos poderemos compartir o seu prémio?
Por favor não me confundas
com um passarinho
quando me atiro ao teu jardim
para comer as maçãs.
Fui lá para mendigar
um pouco de arroz,
mas o agasalho florido dos arbustos
por cima das rochas
fez-me esquecer a razão.
(Ryôkan)