No meu jardim
fiz crescer arbustos de trevos,
erva suzuki,
lilases, dentes-de-leão,
floridos árvores da seda,
bananeiros, glórias-da-manhã,
epatóriuns, asteres,
tradescantias, hemerocallis.
Noites e manhãs
a amá-las todas,
a regá-las, nutri-las,
a protegê-las do sol.
Toda a gente dizia que as minhas plantas
estavam no seu melhor.
Mas em vinte e cinco de maio,
ao pôr-do-sol,
um vento violento
soprou como louco,
batendo e arrancando as minhas plantas.
A chuva verteu-se,
machucando ramos e flores
contra a terra.
Foi doloroso,
mas como o trabalho do vento,
tenho que deixá-lo estar...
(Ryôkan)
Peónias selvagens
agora mesmo no seu ponto máximo
de gloriosa floração completa.
Demasiado preciosas para colhê-las.
Demasiado preciosas para não colhê-las.
Ó pinheiro solitário!
Dava-te de bom grado
o meu chapeu de colmo
e o meu casaco de palha
para te cobrires da chuva.
(Ryôkan)
O denso arvoredo de bambu à volta da minha cabana
mantém-me cómodo e fresco.
Rebentos proliferam, bloqueando o caminho
enquanto os galhos velhos procuram o céu.
Anos de geadas dão espírito ao bambu;
são mais misteriosos quando embrulhados na névoa.
O bambu é resistente como o pino ou o carvalho
e mais subtil que a flor do pessegueiro e da ameixeira.
Cresce direito e alto,
oco por dentro, mas com raiz robusta.
Amo a pureza e honestidade do meu bambu,
e quero que cresça aqui para sempre.
(Ryôkan)