Avaro amor, porque é que vais reter
em ti somente a herança de beleza?
Empresta, nada dá, a natureza,
livremente mas só a quem livre der.
Sovina da beleza, porque abusas
daquilo que foi dado para dares?
Usurário sem ganho, porque usares,
sem poderes viver, somas profusas?
Por seres de ti próprio traficante,
tu próprio burlas o teu doce eu.
Quando a vida pedir o que te deu,
de ti que vai ficar como montante?
Contigo essa beleza será ida
que herança fosse se lhe desses vida.