Vivemos a vida como andarilhos
até que, mortos, voltamos a casa.
Uma viagem rápida entre o céu e a terra,
e depois a poeira de milhões de gerações.
O Coelho da Lua mistura elixires para nada,
a Árvore Milenária está a pegar fogo.
Mortos, os nossos ossos brancos jazem em silêncio
enquanto pinheiros se inclinam para a primavera.
Lembrando, suspiro; olhando para a frente, volto a suspirar.
Esta vida é nevoeiro. Qual fama? Qual glória?
Perguntas porque vivo
sozinho na floresta da montanha,
e eu sorrio e calo
até que a minha alma se silencia.
Os pessegueiros florem.
A água continua a correr.
Vivo num outro mundo
mais além do humano.
Os pássaros sumiram baixo o céu.
Esvai-se a última das nuvens.
Sentamo-nos juntos, eu e a montanha,
até que só a montanha permanece.
(Li Po)